sábado, 4 de dezembro de 2010

Um Vento Que Varreu o Parque - Edição Especial

Na verdade, essa "história" é diferente numa outra "Obra" que fiz.Trata-se de um conto que eu me inspirei na História Original, que é do KIO.Ele me mandou a versão dele, que eu aumentei e fizemos um futuro Livro.Esse é o nome.Mas o que vocês vão ler agora não é muito parecido com o que está escrito na verdadeira "Obra".

Comentem...



-E então, doutor?-indaguei, num misto de curiosidade e ansiedade.Eu estava impaciente.O tic-tac do relógio enchia o consultório tamanho era o silêncio.-Já tem o diagnóstico?

O doutor suspirou pesadamente e eu me preparava para ouvir algo que, com certeza, eu não iria gostar.

-O que o Kauã tem é algo que já suspeitávamos, visto os sintomas apresentados. -ele disse, enfim. – Os vômitos, cefaléia, desmaio...Os exames apontaram...Um Tumor no cérebro...Maligno!

O Silêncio de outrora fez-se ainda mais pesado.Nem o tic-tac ouvi mais.Senti o ar faltar, o chão sumir.Tentei falar, mas só consegui chorar.

E quando já em frente ao leito de Kauã, que repousava tranqüilo ao efeito dos remédios, lembrei que o doutor havia dito algo sobre a cirurgia ser arriscada devido seu estado debilitado. Mas eu não conseguia pensar em nada. Só queria estar com ele e assim ficar.

A Casa em frente ao Parque era nossa há dois anos e meio.Eu estava na sala de Piano olhando pela janela que tinha a melhor vista da casa: o lago do Parque.

Kauã cruzou a porta sem eu perceber, o que não me permitiu disfarçar o choro.Ele se aproximou e sorriu.Aquele sorriso que me encantava e sempre me fazia sorrir também.Seus olhos, agora rodeados por profundas olheiras, não perderam o brilho de sempre.Sua mão grande e macia capturou minha lágrima e ele disse calmo:

-Tem uma semana que saí do Hospital e você tá assim, pra baixo...

-Me preocupo com você. Tenho tanto medo de que você...

Por mais que eu tentasse não pensar no pior, era só o que eu tinha em mente. Não ajudava em nada falar sobre morte, mas era esse meu medo. Eu o Amava demais para vê-lo partir.

Kauã me surpreendeu com um demorado beijo e novamente sorriu, levantando e me puxando com ele, me levando Parque adentro. Eu ria qual criança sendo arrastada pela Mãe. Até pararmos em frente a uma árvore que eu reconheci de pronto.Sorri ao ver desenhado no tronco um coração com nossas iniciais.

-Os Carvalhos duram muito tempo, por isso escolhi um pra fazer esse desenho. – ele se aproximou, ainda sorrindo. – Não precisa ter medo de nada!Essa árvore vai estar aqui mesmo quando estivermos bem velhinhos.

Besta que sou, senti meus olhos encherem d’água.Como eu chorava tanto e ele conseguia ser tão forte?

-Tem mais uma coisa.-ele disse, me puxando de novo até em frente ao lago, onde eu já via a Lua refletida nas águas mansas e podia sentir o vento refrescar o calor.-Dois anos atrás, ao trocarmos nossa primeira aliança e eu ter feito aquele desenho, nós mergulhamos nesse lago.

Nem foi preciso dizer mais nada.Ri ao vê-lo se jogar na água e gritar pra eu ir também.E mesmo que eu não quisesse, seria tarde, pois ele jogava um bocado de água em mim.Fingindo estar furioso, me joguei como se querendo pegá-lo para uma briga e foi o que de fato aconteceu.Esmurrávamos o lago para jogar água um no outro.

Saímos da água e ficamos deitado na grama, olhando a Lua e as primeiras estrelas que surgiam.Kauã olhou para mim e sorriu, de novo...

-Obrigado!

-Por quê?

-Por estar sempre comigo, me fazer feliz...Simplesmente por existir...Eu Te Amo!

Preciso dizer que chorei?...

Quando cheguei em casa na manhã seguinte, queria logo contar para Kauã a novidade: Minha Banda gravaria o primeiro cd oficial!E eu estava eufórico, tanto que joguei minha mochila no sofá e corri para o quarto.Não o encontrei lá. Corri para onde imaginei que ele estaria.

Ao abrir a porta da sala de Piano, minha alegria morreu!Senti minhas pernas tremerem, meu sangue gelou.Meu coração saltava.Kauã estava caído ao lado do piano com um porta retrato na mão e nossa foto nele.

Meu grito saiu sôfrego.Toquei seu rosto gélido e percebi que era tarde demais pra fazer qualquer coisa.Num ato de loucura, talvez, lembrei do quanto ele gostava de me ouvir tocar, então, sentei em frente ao piano e dedilhei.Sua música preferida.As notas encheram a casa em luto...My Immortal...

A Sombra me acolhe.Vejo o Sol refletindo naquele lago a minha frente.O Carvalho é uma árvore que dura muito tempo.Minhas costas repousavam em seu tronco e meu coração estava gravado nele com duas iniciais...E eu apenas observava a cena, sozinho.Não há mais nada comigo, senão meu Amor Eterno que foi levado por Um Vento Que Varreu o Parque.

3 comentários:

  1. adoro quando o texto é capaz de me afastar da linha mediana do corpo e me envolve de tal forma, que se faz demorada a recuperação... Muito obrigado thih... por esse lindo trabalho..Adoro vc!

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  2. Thiago um grande amigo um otimo escritor que conheci há pouco tempo, mas que ja faz parte de uma grande amizade, adorei sua história vejo você no futuro como um ótimo escritor aqueles que demonstram o sentimento ao escrever seus texto.

    Espero que continue assim com esse dom e essa dedicação que tu tem pelo que gosta.
    De seu amigo: Edi.

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  3. Yes... Adorável conto! Parabéns amigo... Me orgulho disso =D

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