segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Liberté - por Thiago Assoni


Girava e girava numa dança sem música,
sentindo o vento no rosto,
os cabelos bruxuleando naquele ritmo sem som.
O céu azul, as nuvens de algodão,
o verde da grama aos seus pés descalços.
O vestido branco se erguia levemente,
mostrando a perna magra e ferida em linhas retas e horizontais.
Os braços eram um emaranhado desforme o ar,
indo para lá e para cá, sem nexo.
Era perfeita por fora, visto aos olhos desconhecidos.
Tão bela, tão serena.
Frágil e dócil, era aquela menina.
Olhos fechados,
boca fina e num meio sorriso.
Não sabia se estava triste ou alegre,
se dançava ou agonizava.
Estava apenas ali de pé, no meio do parque.
Seria louca a menina dançante?
Não havia som algum para estar rodopiando assim...
Onde estava aquela menina?
De súbito caiu.
Convulsionou.
Tremeu no chão e parou.
Enfim seus lábios sorriram,
os olhos se abriram
deslumbrou o azul do céu.
Livre.
Desperta.
Viva.
Foi-se para se libertar.
Despertou do sonho que era estar viva.

3 comentários:

  1. Que delícia de conto!👏👏👏👏👏

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  2. mais uma viagem sensorial para a minha pessoa! ^^ inicialmente me lembrou muito não a música, mas sim o clipe de "vermillion part 2" do slipknot

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  3. Que lindo!!! vou dar aquela stalkeada à lá psycho aqui.

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