terça-feira, 2 de outubro de 2012

Da Vantagens de ser Bobo - Clarice Lispector ( Completo )



O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." 

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia. 

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. 

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu. 

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?" 

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama! 

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz. 

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem. 

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas! 

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.





sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Seja o que for... - por Thiago Assoni


O que esperar dos dias novos que estão por vir?
Acho melhor não esperar por nada.
Isso evita sofrimentos, não é mesmo?

Eu vou me deixando sentir o dia que passa
minuto a minuto.
Sei que uns se foram, 
doeu, senti a ausência.
Achei que não seria capaz de ir adiante...

Mas o que eu poderia esperar dos dias que estavam por vir?
Não posso esperar mais.
E nem quero que me esperem.
Vou apenas deixando o tempo passar
e aproveito o meu melhor de cada dia desse que se vai.

Não corro.
Não fico parado.
Sei andar pela vida
sem enlouquecer.
Choro quando estou feliz
Me calo quando estou triste.
Ou simplesmente não faço nada.

Vou esperar o que dos dias que estão por vir?
Acho melhor só ir vivendo.
Não quero perder meu presente
planejando o meu futuro.
Só fico aqui, esperando o que vier dos dias que estão por vir...

( um som que fala um pouco como é isso... Escrevi ouvindo...)

domingo, 2 de setembro de 2012

Mude, pense, sinta, sofra, viva. – Por Humberto Flores.



Pensamentos são como martelos
Batucando e bagunçando teu cérebro
Desgrude com respeito todos teus elos
Estar livre é sentir o seu próprio cheiro
Só assim dirás ser liberto

Neurônios morrendo por reflexões sem valores
Neurônios morrendo por poucas dores
Tua mente respira num vão
Pegue a espada e enfrente o dragão
Mate o dragão!

O animal que habita em você
Deve ser bem adestrado
Então procure manter
Teus instintos domesticados
Fica bonzinho.

Nada é tão belo quanto o verdadeiro amor
Mas o que seria verdade se desviamos nossa dor?
Aceitar as pedras pacificamente sem rancor
Faz do ser iluminado exalar com brilho cor
Todas elas

Seja fiel a si mesmo
Defenda-se enquanto não tomarem tuas armas
Porque depois a guerra complica
E você vivera afogado em teus carmas
Mude, pense, sinta, sofra, viva...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

- Cuidar de si - por Thiago Assoni



Quando fui comentar um post da minha prima “torta” Juliana – a Jujuba – saiu essa pérola que eu curti bastante e resolvi postar aqui no blog. Espero que gostem.

“Costumo dizer que o mundo vai ser melhor
Quando cada um cuidar um pouquinho mais de si
E digo que essa é a única individualidade boa que existe.
Quando cada um cuidar mais de si, as coisas vão “andar”.
Ninguém vai tomar conta da vida do outro,
O preconceito vai acabar...
Quando estamos preocupados com a gente mesmo,
essas outras coisas bobas ficam pra segundo plano.
Amar o próximo é reflexo do Amor Próprio!
Ame-se mais, cuide-se mais, faça mais por você mesmo...
Quando conseguir tudo isso, vai estar pronto para um Mundo Novo e beeeeeeeem melhor!”

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O meu querer. - por Thiago Assoni



Procuro por caminhos mais bonitos.
Quero voar mais alto.
Sair por aí.
Correr!
Crescer, aparecer.
Ser UM alguém,
Não só mais um alguém.
Eu quero ir longe.
Tocar a Lua,
pisar nas nuvens,
dançar com o vento,
dançar na chuva.
Me queimar de sol, talvez.
Tomar banho de mar,
Dormir na areia,
Beber água de coco vendo o sol se pôr.
Andar por ruas que não conheço,
Falar com gente que nunca vi.
Ler um livro novo,
Ouvir um som diferente...
Eu quero ser outro, sem deixar de ser eu.
Quero ter visões diferentes
De coisas que sempre vi.
Quero Amar loucamente
Sem o compromisso de ser de alguém.
Transar por transar.
Quero chorar de dor,
E de felicidade,
E de tristeza também, por que não?
Gritar pro Mundo,
Rir de tudo.
Quero ser feliz!
Tão feliz que vou precisar dividir com os outros,
Pois tudo não vai caber em mim.

Por que ser sempre o mesmo, se posso ser diferente?
Ouvi em algum lugar certa vez:
Seja sempre você mesmo
Mas não seja sempre o mesmo!

sábado, 4 de agosto de 2012

Meia palavra... basta? - por Thiago Assoni

Dizem por aí que "pra bom entendedor, meia palavra basta".
Será mesmo?



Não faça uso de meias palavras!
As meias palavras deixam outras pessoas
entenderem aquilo o que elas querem
daquilo o que você disse.
E não é isso o que você quer!
Eu sei que não.
Todos querem ser compreendidos.
Então sejamos diretos.
Vamos descomplicar as coisas.
Pra quê dar voltas?
Tenha atitude e dê a cara pra bater.

Não faça uso de meias palavras.
Seja fiel a você mesmo
e aos seus sentimentos.
Vale a pena guardar tudo pra você
e deixar o tempo passar
sem agir?
Mais vale se arrepender pela palavra dita
ou pelo sentimento que você não deixou transparecer?
Gosto de me arrepender das coisas que fiz.
O que eu fiz, está feito.
Se não faço, ficarei pensando o resto da vida:
Como teria sido?

Não faça uso das meias palavras!
Vá atrás. Seja direto.
Mostre-se, doa-se.
Vai machucar às vezes.
Mas antes se ferir tentando
do que sofrer um longo tempo se escondendo.
Não se prenda nas algemas do medo.
Faça!

Pra bom falador
Palavra inteira demostra o verdadeiro sentimento!
Não faça uso de meias palavras...
Diga tudo aquilo o que sente.

domingo, 29 de julho de 2012

Medo... - por Thiago Assoni



Quero encontrar alguém que não tenha neuras do passado.
Alguém livre de correntes grossas e fantasmas nas costas.
Alguém que se permita viver o hoje,
preocupando-se com o amanhã na medida certa.
Sem essa de “e se” não der...
“E se” não fizer...
"e se"... "e se"...
ORAS!
Viver é isso...
Deixar acontecer.
Sofrer é normal, todos já sofreram,
Estão sofrendo
Ou vão sofrer um dia.
Triste daquele que NUNCA sofreu,
pois este não sabe o que é viver de verdade!
Ter medo de sofrer é fechar as portas da alma.
Ter medo de sofrer é se podar pra não viver!
E se privar de conhecer o novo.
Só saberemos o verdadeiro sabor do doce,
quando provarmos do amargo.
Certa vez li em um muro uma frase
que fiz questão de nunca mais esquecer.
E é com ela que encerro:
“O medo de errar é a porta que nos tranca num castelo de mediocridade”

sábado, 28 de julho de 2012

Desculpa - Ana Carolina.

Desde que conheci o Poema na voz de Ana Carolina...
Fiz questão de nunca mais esquecer!



Desculpa!


Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente...

Desculpa,
Tudo que vivi foi muito 
profundamente!


Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.

Até onde posso ir para te resgatar?

Reclama de mim, como se houvesse possibilidade
De me inventar de novo.


Desculpa...
Desculpa se te olho profundamente, 
rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Muito antes de seus passos.

Eu não vou separar minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser...
Vibrante...

Errante...
Sujo...
Livre...
Quente.

Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente! 




sábado, 21 de julho de 2012

A Beleza do NÃO.- por Thiago Assoni


Muitos tomam a SINCERIDADE como GROSSERIA.
Mas não é bem assim...
Pessoas morrem de câncer
Por reprimir suas próprias vontades!
Se fazem de "bonitinhas" 
Só pra agradar.
E esquecem-se de si mesmo!
Oras... 
Não tenhamos medo de ser um pouco mais rude.
Ser mais seguro, mais abrasivo.
Dizer Não não é um problema!
Qual o problema em ser chato?
Não é sempre que acordamos bem
Ninguém é legal o tempo inteiro.
Permitir-se um momento de "eu mesmo",
Ser chato de vez em quando, não ir quando não quer
Não rir se não achar graça, não fazer se não quiser...
Por que ser Sim o tempo inteiro?
Não me importo com moral e bons costumes.
Em não falar pra não ofender.
Em guardar dentro de mim aquilo que preciso dizer.
Óbvio que não preciso sair falando besteira o tempo todo.
Óbvio que eu sei que nem todos estão prontos para ouvir todas as nossas opiniões.
Mas, daí a me calar sempre?
Não!
Quero mais é sentir-me bem por dentro.
A Beleza do Não.
Dizer não quando não quero
Ou Não por que é isso o que eu acho!
Já disse outras vezes e repito:
Faça isso por você!
Seja mais prático, tenha atitude!
Isso dá prazer, tesão em viver.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mudanças... Mudanças....

Estou contente com as coisas que têm acontecido no meu dia a dia. Feliz de verdade!
Emprego novo, perspectivas novas... Até meu blog resolvi dar uma mudadinha também, gostaram???
Falando em mudança, estava passeando pela internet e encontrei um LINDO poema que fala exatamente sobre isso. Espero que gostem tanto quanto eu!




Poema da Mudança

Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde
você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura,
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.
Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito
o novo prazer,
o novo amor.
a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.
Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda!




PS: Encontra-se pela internet esse texto como sendo de Clarice Lispector. Ora, pessoas lindas, sejamos menos recheado de modismo, ok? Não é por que um texto é belíssimo que é dela!
O Texto é de Edson Marques. 

sábado, 7 de julho de 2012

Refletindo - A Plantinha - por Thiago Assoni



Ø  A Plantinha

Quando alguém ganha uma plantinha, normalmente, fica todo feliz e entusiasmado com aquela novidade. Rega todos os dias, poda as folhas secas, cerca-a de cuidados e tudo mais o que for necessário para ver a plantinha crescer e vingar.
Mas aí o tempo começa a passar. O que era novidade deixa de ser e é como se outras coisas mais importantes surgissem. E então a plantinha é deixada de lado. O tempo, obviamente, continua passando e todo o esmero dedicado à plantinha já não acontece mais. Regar deixa de ser prioridade e as folhas secas se acumulam ao redor, deixando morto o que deveria ser Vivo e lindo!
Não demora muito e, finalmente, a plantinha Morre!
Morre bestamente, por coisa tola. Morre por falta de cuidado.
E você, que queria tanto ter uma, quantas outras plantinhas precisaram morrer pra dar o devido cuidado a alguma que, talvez, já está aí na sua janela?


Ø  O Paradoxo

Quando as plantas não recebem o devido cuidado, existem duas reações: Morrer, como dito em outrora; ou crescer em demasia, o que também pode ser muito bom!
A plantinha que cresce assim faz o vaso quebrar, toma terrenos maiores e já não serve mais pra enfeitar apenas janelas. Está em outro estágio agora, não pode mais ser controlada e não precisa mais se prender ao pequeno vaso.
Raízes expostas, machucados amostra. Em contrapartida, não precisa mais mendigar pequenos cuidados. É autossuficiente!
A plantinha cresceu!


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pressa...


Eu tenho pressa...
Não posso ficar aqui parado
Esperando o “depois” que nunca vem.
Eu tenho ânsia!
Não quero ver o tempo passar
Sem ouvir uma resposta que seja.
E eu ainda me pergunto:
O que aconteceu com a gente?
Em que momento a gente se perdeu?
Toda aquela conversa de que seria diferente...
Utopia... Devaneio...
E eu tenho pressa.
Mas isso já não me importa mais.
Ai de mim!
Que acreditei de novo em tão belas palavras.
Vazias...
Agora, ei de pedir desculpas...
Desculpa por me doar inteiramente
Desculpa por me dedicar
Desculpa por tentar ser alguém que pudesse lhe fazer bem
Desculpa!
E as desculpas são a mim mesmo!
Preciso desculpar-me a mim por ser tão tolo!
Desculpar a mim por deixar meu coração aberto.
Desculpar a mim por me fazer sofrer de novo
Por perder meu tempo.
Eu era terreno limpo
Pronto para edificar você
Mas como edificar
O que é só escombro?
Como erguer a ti, esquecendo-me de mim?
Mas não me arrependo.
É preciso sentir o amargo
Para apreciar o que é doce.
E eu me perdoo por isso.
E continuarei assim
Apressado
Tropeçando e caindo
Levantando e seguindo.
Me machuco e curo
Choro pra sorrir
É preciso primeiro a chuva
Pra surgir um arco-íris.
É minha pressa que me faz andar com calma.
Mas sem perder e nem deixar o tempo passar
E eu perdi meu tempo
Me dando, recitando poemas...
Tentando levar você pro mundo...
Para o meu mundo.
Mas não há amor pra quem não sabe Amar.
Não há caminho pra quem não quer caminhar.
Fui até onde pude ir pra te resgatar...
Pra me resgatar.
Mas a vida me fez um grande favor.
“Me fez sempre pronto pra viver um novo Amor”
Por que eu tenho pressa...
Pressa de viver e Amar...
Me Amar!


sábado, 16 de junho de 2012

Como será seu PASSADO?



Hoje eu ouvi uma cara dizendo na TV algumas coisas sobre futuro que me deu a ideia de criar esse post. Não lembro com exatidão tudo o que ele disse, mas o que escrevo abaixo foi inspirado em tudo o que ele falou.

“As pessoas costumam se perguntar muito sobre qual o futuro que querem ter, mas eu penso o contrário...
Qual passado você quer deixar de lembrança? Qual passado você que ter daqui vinte anos?
Olhar para trás e ver que não viveu por que buscava um futuro que, talvez, você não vai aproveitar nada dele?
Perceber que você ralou, se matou de trabalhar e estudou pra viver apenas de Domingos sem graças sem muita expectativa de nada? Assistindo outro gordo qualquer na TV? Ou então uma penca de gente indo pra sua terra, ou casas serem construídas enquanto sua vida já foi e você não fez nada?
O que você está fazendo pelo seu hoje? Uma vez, ouvi uma Bombeiro dizer que um incêndio não começa grande. Tudo começa de uma faísca e vai se alastrando e alastrando. Você quer mesmo ficar pensando só no que vai vir e esquecer de viver o agora? Do que adianta se matar agora e não poder aproveitar de quase nada depois? Assim como em um incêndio, você fica só esperando que tudo comece grande e esquece de que pra ter um futuro legal, é preciso ter um presente satisfatório.
As pessoas vivem de Esperança no Verbo Esperar, quando deveriam viver de Esperança no verbo Esperançar, de ir fazer, e não se acomodar. O mundo só muda, quando você mudar! E o futuro melhora, quando o presente melhorar.
Qual passado você quer ter daqui vinte anos?”

Pode parecer incrível, mas eu ouvi tudo isso ai no programa da XUXA!
Prestigio... A gente vê por aqui!

Entretanto, a mensagem é de se pensar. Realmente vejo muita gente preocupada em deixar um bom futuro pra viver e esquece-se de viver o que tem pra hoje, o presente! Como foi dito anteriormente: Não vai adiantar nada ter um lindo futuro pra se viver e olhara para trás e ver que não viveu nada!  

Sacrifício Parte Três.


Sacrifício - Parte Três.

A escuridão era intensa. Os ruídos eram aterrorizantes e ecoavam pela imensidão trevosa, que impedia seus olhos de enxergar um centímetro além de seu rosto. Encostou-se a parede de barro, numa tentativa de traçar um caminho, e sentiu que o frio era realmente muito forte lá dentro do labirinto. Sentia falta de algo que pudesse esquentá-la. Aquele vestido decotado e rente ao corpo lhe causava a sensação de frio ainda maior.
Andou às cegas, sem saber por onde. O chão era desigual e, em certos pontos, era mais lamacento, fazendo com que seus pés afundassem até a altura dos joelhos. Para sair dessa armadilha natural, ela usava de muita força, o que deixava seu corpo exausto e cada vez mais pesado. Em dados momentos, sentia mãos que subiam e desciam em suas pernas quase nuas a essa altura da caminhada, onde antes passara por um corredor de espinhos e folhas cortantes.
Não sabia precisar o tempo que já estava ali dentro, mas parecia tempo demais. Deitou no chão de terra e dormiu. Quando acordou, ainda era noite, mas sabia que isso não faria diferença, pois aquele lugar era noite o tempo inteiro. Continuava andando sem saber por onde. Sentia roedores e insetos caminhando por seus braços, pernas e ombros.
Por vezes, corria e se deparava com a parede de barro. Caía com violência com o impacto e ficava ali desmaiada sem saber por quanto tempo. Quando acordava, continuava andando. Estava cansada e suas pernas doíam. Sentia fome e chegou a comer algumas folhas que ela não fazia ideia do que poderia ser. As pontas dos dedos estavam todas mordidas.
Sentindo a exaustão ao máximo, sentou-se e descobriu estar num vale de ossos quando puxou um crânio ao seu lado. Lembrou-se daquele corredor que havia passado horas antes. Levantou-se assustada e correu. Parecia estar num campo aberto agora, pois não se chocou com mais nenhuma parede de barro. Tentou olhar aos lados, mas era inútil. Não conseguia enxergar um palmo a sua frente. Ficou caminhando por horas e não encontrou mais nenhum obstáculo, nenhuma parede, nenhuma armadilha.

De repente, sentiu o chão tremer. Finalmente conseguiu enxergar, e era uma rachadura enorme que se abria diante de seus olhos. Uma luz alaranjada se ergueu até o céu negro entre fumaça e murmúrios de lamúria. Viu uma base de ferro se levantar, girando. Nela, havia uma arca também de ferro e muito bem trabalhada. Ao lado daquela arca, em pé na plataforma, estava ele, novamente vestido de preto, os olhos esmeraldas com um brilho ainda mais misterioso. Ele não disse nada, apenas sorriu e apontou para a arca reluzente.

- Finalmente chegou! – ele sorriu.
A plataforma parou de subir, igualando-se ao nível do chão do espaço deserto. A escuridão se fora, e era como olhar um céu vermelho agora. Aquele tom avermelhado do céu deixava o ambiente como se fosse um cenário dos mais terríveis pesadelos. E aquele homem, a única figura que parecia completar perfeitamente aquele assombroso lugar, sorria, deliciando-se do pavor da jovem que estava a sua frente.

Enfim, ele colocou-se ao lado da garota e estendeu-lhe o braço, que foi correspondido num meio abraço por parte dela. Caminharam até a base que emergira das profundezas e ficaram ao lado da arca que ali estava. Sem dizer uma só palavra, ele tirou a tampa e mostrou a caixa vazia. Havia apenas fumaça que saia dali.

- Do que se trata? – ela perguntou, enfim.
Sorrindo, ele manteve guardado seu silêncio e deu a volta na arca, alisando-a em contemplação. A fumaça formava pequenos redemoinhos ao passar dos dedos compridos. Quando ele olhou para ela novamente, já mostrava seu verdadeiro rosto de bode e os chifres protuberantes envergavam-se para os lados. Do chão, brotaram dois corpos rochosos de braços muito fortes, que jogaram a garota dentro da arca de ferro e fecharam-na ali dentro.
Foi só nesse momento que Lilith percebeu que a arca era rodeada por pequenos círculos de vidro e que a tampa também tinha duas aberturas daquele mesmo tipo. Conseguia ver tudo o que se passava ali fora. Os corpos rochosos que se desmontaram em pedaços e o tinhoso que se aproximara do vidro em frente ao seu rosto, sorrindo, a tocha no meio da cabeça brilhando em chamas altas. Sentiu o ar começar a lhe faltar quando aquele líquido viscoso invadiu a superfície metálica. Apavorou-se, mas não havia espaço o suficiente para se debater. Tentou gritar, mas percebeu que a voz não saia, engasgada, presa no fundo da garganta que ardia. Seus olhos choravam e o pouco que enxergava ficara borrado. Aos poucos, a caixa ia se enchendo cada vez mais e mais. Seu corpo se retraia e a respiração ficava cada vez mais ofegante. Sentiu aquele líquido tampar os ouvidos e chegar ao rosto. O pouco de ar que ainda tinha estava se acabando.
Quando submersa, Lilith não se mexeu mais. Precisava poupar o máximo de energia possível e precisava acalmar-se. Talvez ele fosse tirá-la de dentro daquela arca logo, então era preciso manter a calma. Ele não ia deixa-la morrer...

Mas foi só então que ela percebeu que não havia como morrer, sendo que ela já estava morta. Só agora percebera que não teria perigo estar ali dentro e que aquilo não era uma tortura. Mas, então, o que era aquela arca?

O rosto do homem de olhos esmeraldas surgiu no vidro, sorrindo, lindo! A voz dele ecoou dentro da mente dela:
- Você vai ter a chance de vingar sua morte, bela garota... Darei a você a chance de voltar e vingar-se de todos os que te trouxeram até aqui. Farás um trabalho para mim, trazendo todos os malditos que fazem mal uso de meu nome num mundo decadente e depreciável, onde veneram o Onipotente que é desalmado e excomunga aqueles que deram a vida em Seu nome. Vivemos para Segui-lo, e temos o pior dos finais. Somos atirados à sorte mundana e temos a alma corrompida por qualquer ser malévolo sem chances de perdão. Foi assim comigo... Foi assim com você!
Então, Lilith percebeu que o homem de olhos esmeraldas não era Baphomet, mas também um jovem que fora oferecido a ele. Eram duas almas malditas e condenadas, oferecidas às trevas e que se uniram na morte para dar poder àqueles que o traíram. Ambos atirados ao inferno para suprir às necessidades daqueles que os venderam. Aquele homem era usado por Baphomet. Era apenas uma imagem melhor que o demônio poderia usar para se mostrar. Ela podia ver através dos olhos dele sua morte dolorosa naquele ritual sangrento, onde sua barriga fora aberta com ele ainda vivo e suas vísceras puxadas enquanto ainda podia senti-las sendo cortadas.
Logo, o rosto bonito daquele jovem foi substituído pelo rosto do bode que sorria escancarado. A voz agora surgiu rouca e grotesca.
- Vá e veja como tudo aconteceu contigo até chegar até aqui, bela garota!
As palavras ecoaram como se vindo de muito longe. Lilith sentiu o corpo ser arrastado pelos corredores do tempo e viu a vida passar diante de seus olhos qual como numa fita cassete sendo rebobinada. Conseguia ver cenas as quais nunca tinha visto e nem nunca tinha vivido. Lembranças adormecidas dela e de outras pessoas. Via tudo claramente agora, como em um filme. As missas quando criança, as festas da Igreja, as reuniões de seus pais que sempre faziam com ela tivesse que ficar brincando na rua com outras crianças até que fosse chamada de volta.
As coisas, aos poucos, iam fazendo sentido. Lilith estava ali, sendo criança de novo, e ia descobrir como tudo isso tinha começado.